voltar
Ambiguidade

Viés de História: Experiências Confiáveis com UX

Nós tendemos a acreditar e confiar em quem divide experiências e conta histórias. Por sua vez, o viés de história transmite isso de forma clara no UX design.

Já percebeu como gostamos tanto de histórias? As histórias estão sempre presentes em nossa vida, como filmes, séries, jogos, livros, e por ai vai.

Nós acreditamos mais em informações que são apresentadas na forma de uma narrativa, mesmo que essas informações sejam falsas ou imprecisas. Esse viés ocorre porque as narrativas são eficazes em nos envolver emocionalmente e a nos fazer sentir que entendemos a informação de forma mais profunda.

O Viés de História é um fenômeno psicológico que nos leva a confiar e nos conectar mais profundamente com informações apresentadas em formato narrativo.

Teoria do Viés de História

No contexto do UX Design, o viés de história pode ser utilizado para criar experiências mais memoráveis e envolventes, estabelecendo conexões emocionais duradouras com os usuários.

O que é o Viés de História?

O Viés de História é nossa tendência natural de processar, reter e confiar mais em informações quando elas são apresentadas na forma de narrativas. Este viés cognitivo de ambiguidade está profundamente enraizado em nossa psique, refletindo milênios de tradição oral e compartilhamento de conhecimento através de histórias.

Mecanismos Psicológicos

Fatores que Influenciam o Viés de História:

Engajamento Emocional

  • Conexão pessoal com a narrativa.
  • Identificação com personagens.
  • Ressonância emocional.

Processamento Cognitivo

  • Maior retenção de informações.
  • Melhor compreensão de conceitos.
  • Memorização facilitada.

Aspectos Sociais

  • Compartilhamento de experiências.
  • Construção de comunidade.
  • Transmissão de valores.

Fundamentos Psicológicos e Experimentos

A narrativa do Viés de História se manifesta no design digital de diversas formas, criando experiências mais envolventes e memoráveis.

Experimento de Lundqvist

Os pesquisadores (Lundqvist, 2013) realizaram uma série de experimentos em que os participantes foram divididos em dois grupos. O primeiro grupo recebeu uma lista de fatos aleatórios, enquanto o segundo grupo recebeu a mesma lista de fatos, mas organizados em uma narrativa. Os resultados mostraram que o segundo grupo teve um desempenho significativamente melhor no teste de memória.

Esse estudo mostrou que as pessoas aprendem e retêm informações de forma mais eficaz quando são apresentadas na forma de uma narrativa.

Os experimentos deste viés mostraram que:

  • Somos mais propensas a lembrar de informações que são apresentadas em uma narrativa envolvente.
  • O efeito da narrativa é um fenômeno que tem sido observado em diferentes culturas e em diferentes faixas etárias.
  • A narrativa pode ser usada para criar e reforçar associações positivas com a marca.

Estudo de Narrativas na Memória

Um estudo fundamental sobre o poder do storytelling de Green & Brock (2000) revelou que:

  • Histórias geram maior envolvimento mental
  • Narrativas reduzem o pensamento crítico negativo
  • Informações em formato de história são mais bem recordadas

Aplicações Práticas no UX Design

Em onboarding de aplicativos, por exemplo, a jornada do usuário é frequentemente apresentada como uma história, com cada etapa construindo sobre a anterior de forma narrativa. Sites institucionais utilizam storytelling para apresentar a história da empresa, seus valores e missão de forma mais envolvente e pessoal.

Redes sociais aproveitam o poder das histórias através de formatos como Stories e Reels, onde usuários compartilham momentos em formato narrativo. Plataformas de e-commerce incorporam histórias de usuários e reviews em formato narrativo para criar confiança e autenticidade. Em jogos e aplicativos educacionais, o aprendizado é frequentemente estruturado como uma jornada narrativa, aumentando o engajamento e a retenção.

Viés na prática

  • 01

    A Nike transformou seu marketing através do storytelling poderoso em sua campanha "Just Do It". Em vez de simplesmente promover produtos esportivos, a marca conta histórias inspiradoras de superação e determinação. Como exemplo notável, a campanha com Colin Kaepernick em 2018 não apenas apresentou um produto, mas narrou uma história de coragem e convicção, gerando enorme engajamento e conexão emocional com o público. A narrativa transcendeu o produto, criando uma associação duradoura entre a marca e valores de perseverança e autenticidade.

  • 02

    O Airbnb revolucionou sua plataforma ao colocar as histórias dos anfitriões no centro da experiência do usuário. Cada listagem não é apenas um espaço para alugar, mas uma narrativa pessoal que inclui a história do anfitrião, do espaço e da comunidade local. Esta abordagem transformou simples transações em experiências significativas, aumentando a confiança dos usuários e criando conexões mais profundas entre hóspedes e anfitriões.

  • 03

    Uma história pode ser contada com pouquíssimos elementos se bem estruturada, foi o caso desta landingpage da XP investimentos que é de se tirar o chapéu.

Considerações Éticas e Práticas

Ao aplicar o Viés de História no UX Design, é crucial considerar as implicações éticas:

  • Autenticidade: Mantenha as narrativas verdadeiras e genuínas, evitando manipulação emocional.
  • Responsabilidade: Use o storytelling para enriquecer a experiência, não para mascarar problemas.
  • Transparência: Seja claro sobre o que é narrativa e o que são fatos objetivos.

O Viés de História é uma ferramenta poderosa no arsenal do UX Designer. Quando aplicado de forma ética e estratégica, pode criar conexões emocionais duradouras e experiências mais significativas.

Compreender este viés cognitivo permite aos designers criar interfaces mais envolventes e memoráveis, sempre mantendo o foco na autenticidade e no valor real para o usuário.

Melhores Práticas do Viés de História

Estrutura Narrativa

  • Desenvolva arcos narrativos claros.
  • Crie personagens relacionáveis.
  • Mantenha coerência na história.

Elementos Visuais

  • Use imagens que apoiem a narrativa.
  • Crie continuidade visual.
  • Mantenha consistência estética.

Engajamento do Usuário

  • Permita interação com a história.
  • Crie pontos de conexão pessoal.
  • Facilite o compartilhamento.

Referências bibliográficas

Efeito Padrão: Aceitação Social no Design

Com o viés cognitivo de efeito padrão, nós tendemos a aceitar as opções padrões da sociedade, por meio do design.

ler artigo

Prova Social: Conforto e Influência no Design

O viés de prova social é um comportamento “modelo” que acaba baseando a tomada de decisões.

ler artigo

Viés de Autoridade: Conhecimento e Poder no Design

Sempre tendemos a obedecer figuras de autoridade, e no UX design isso não é diferente.

ler artigo